24 de outubro de 2014

Para:

Aquele que é um animal selvagem que não sabe que é selvagem e que fica me cercando pra sempre, sem nunca dar o ataque mortal.
Aquela que que sabe que é parecida comigo -eu também sei- mas ficamos os dois parados boquiabertos, assustados, congelados de medo um do outro. Em breve os dois vão se chatear e bocejar e vão voltar a viver.
Aquela que tinha uma sincronia linda comigo, que era cuidada por mim e que não tinha(tem) como cuidar de mim, mas mesmo assim oferecia ajuda, mesmo que isso doesse. A sincronia acabou, o trem saiu dos trilhos, a gente não sabe mais como tocar um no outro, talvez eu tenha sido muito escasso.
Aquela com a qual foi tudo muito bem, e muito bem acabou, sem feridas pra ninguém, mulherzinha medrosa, rapazinho cego.
Aquele que eu coloquei no espaço vago onde deveria estar meu ponto de referência. ele está tão longe de mim(pra cima) que nem deve conseguir me ver. Já tentei gritar "Ei, eu quero ser igual a você!" mas de tão longe ele não ouviu nada.
Aquela que me tratava como um bezerro desmamado, a mulherzinha gostosa sugou minha força e me fez crer nisso, não foi problema mandar ela ir pro inferno.
Aquela que desligou todos os meus órgãos e só deixou o que era parecido com ela, mulherzinha lindíssima, mas muito comum por fazer isso.
Aqueles tantos que passam rápido por mim, correndo supersônicos, elétricos bichos enormes e fortes, correndo, eu, que nem sou dessa espécie, só observo taquicárdico e de queixo pra baixo, um bichinho insignificante no meio da manada de bichos excelentes. Porra, como eles conseguem ser naturalmente tão grandes e eu com tanto esforço e estafa consigo ser quase nada, quase-isso?