29 de março de 2013

Eu Bebo Em Poças D'água



Cacos de caos, fumaça de pensamento e uma tempestade tão inóbvia quanto efêmera.
Eu vejo a vida, eu sinto, eu vejo o nascer e o pôr do Sol e a vida nesse espaço de tempo. Tenho me esmagado desde muito tempo, pois como ganhar a vida senão senão sofrendo? Então eu sofro, sofro como animal fraco machucado no galho, olhos grandes, pernas finas talvez asas, asas quebradas.
Há um lugar em minha mente aonde eu vou às vezes, lá é frio e úmido, como uma caverna subterrânea não descoberta, lá eu vejo meu âmago, um coração sangrando, mas batendo muito forte, um tambor tribal.
Apago o cigarro, pego um livro qualquer e abro numa página qualquer: “Are designations congruents with things? Is language the adequate expression of all realities?” Choro. Sinto uma parte preta dentro de mim, possivelmente um animal, com garras e dentes, feroz. É a malignitude do meu desejo de existir, e, Deus me perdoe, o quanto maltratei essa fera, e tanto a maltratei que agora as palavras me atingem como balas de chumbo, e um instante antes de me atingirem a voz afina e os olhos arregalados se abaixam.
Eu me lembro bem, faz alguns anos, eu despertei em mim um enorme desejo de sofrer, como quem se coça aonde não se coça, minha cabeça se abriu para ar frio a insetos e nas sombras entrei, pelo abraço caloroso do sofrimento fui apertado, como ganhar a si mesmo senão sofrendo? As coisas saíram muito frescas das sombras, centenas de pequenos pássaros adornavam meu cabelo, tudo tinha um gosto amargo, mas feliz, não é bem “feliz” a palavra, acho que está mas para “agradável”. Isso, um sofrimento agradável, e a partir daí comecei a fugir de tudo, não conheço nada de que eu não tenha fugido, com certeza eu apaertei com tanta força minha garganta que conservei para sempre o desejo de chorar.
Acendo outro cigarro, a lua como um osso no céu. Meu passado, minha odisséia ,só existe em mim? Estou cansado de falar de mim para mim, estou sempre gritando, esperneando, socorro! Abro outra página do livro: “Interrupt the continuity of everyday experience and all the expectations it brings.” Interessante. Vulnerável.
Eu ainda sinto o caos dentro de mim como quem de repente percebe que se afoga