3 de julho de 2010

Perspectiva

E lá estava eu, suando no vapor quente do tédio, fazendo graça, fodendo meu tempo sentado no chão, e então olhei para você. Eu te conheço, você é minha amiga, mas me deslumbrei contigo, moça. Percebi de repente que você era mesmo física, você tem braços, costelas e barriga, talvez voê tenha até uma vida!

A verdade é que você é quase como uma ninfa, se escondendo e deslizando leve por tudo, fantasma lento atravessando paredes. Às vezes penso que se eu soprar no seu rosto ele vai se dissolver, juro. Você me deixa envergonhado, você nunca havia me deixado envergonhado até aquele dia. Porra, pra que eu fui levantar a cabeça? Talvez pra te ver. Te vi, mas te vi melhor, mais fundo e mais alto, te vi pesada e contraída, animal enorme se encolhendo no frio.

Sinto dizer, moça, mas você é ainda mais incrível agora, e como eu sou idiota em dizer isso.