29 de junho de 2010

(Sem título)

Houve um tempo em que minha cabeça flutuava levemente na fumaça fria e quieta da noite, e os
dias ameaçavam surgir gigantes a qualquer momento, como o instante que antecede o trovão.


Naquele tempo -e naquele tempo os instantes já faiscavam como um 'ontem' ou um 'amanhã'-
toda noite meus pensamentos eram errados, e minhas idéias se assombravam com o cheiro de
Deus. E Deus surgia à minha frente, com seu hálito quente, e gritava: "Exista, menino mendigo,
mesmo que isso te custe um braço!".

Eu obedecia, um servo silencioso, caminhava humilde para o caos. Durante o dia, a qualquer
momento, ele se chegava a mim com pena e asco, me levava a um canto escondido de mim e
dizia "Você não existe.". Assim formou-se uma tempestade, tão intensa e silenciosa quanto a
explosão de uma estrela. (Algum dia de 2007)