29 de junho de 2010

Didatismo

Orgulhoso, o menino segurou com seus dedos finos o cigarro roubado da bolsa da mãe, deu um trago curto e esforçado, tossiu a fumaça e olhou em volta, ansioso para que alguém tenha visto. Ela abria com dificuldade a garrafa de vodka comprada com o dinheiro do lanche economizado por semanas. Ele tinha doze, ela, treze. Um copo para cada seria o suficiente, eles haviam visto na televisão, talvez um pouco menos, para não ter uma ressaca horrível. Trêmulos, encheram os copos e beberam bem rápido, ele ameaçou vomitar mas logo retornou, feliz. A menina sorriu, o cabelo curto num corte desfiado, ela queria vermelho, mas a mãe não deixou. O menino dá outro trago no cigarro, algumas cinzas caem na pelugem ridícula cultivada com orgulho no queixo. Eram dois rebeldes, dois criminosos fazendo alguma coisa criminosa que nem eles sabiam bem de que se tratava. Ficaram ambos meio tontos, teriam algo interessantíssimo para contar aos colegas no dia seguinte, caso não fossem levados à força para alcatraz pelo exército americano. Foi um dia incrível até eles completarem dezessete.