29 de junho de 2010

Importância Pequena ou Solta

Tenho a impressão que tudo me dói. Me dói ouvir "bom dia" de manhã, deveria ser proibido
doer qualquer coisa de manhã, mas não dormir anula quase tudo dessa coisa bonita que têm as
manhãs. Me dói tanto ouvir sins quanto nãos. Me dói mentirem pra mim, clichê. A felicidade dói
muito, principalmente se é esperada com passos indo e voltando impacientes ou quando
acontece no meio da tarde, o calor fermenta as coisas, as pessoas deveriam ser mais leves
durante o dia. Minha grande dor não dói muito, o que dói muito, porque a nossa grande
maravilhosa dor deve doer sempre, deve doer até envelhecermos e morrermos.

Amizades envelhecidas não deviam doer tanto, mas doem. A gente tem que saber que tudo
apodrece. Me doeu ver aqueles olhos caninos me fitando honestos, "desculpa, não posso fazer
nada, jogue esses olhos em outro, agora!" tive vontade dizer. Acho que disse isso com meus
olhos, não sei se pidões ou cansados. Talvez esperançosos, ter olhos esperançosos não é uma
coisa boa, isso dói quando olho o modo como meus olhos olham pra mim.

Mas doer é tão terrível assim? É errado? É um problema? Um desacerto? Talvez um
descompasso? Não, não é. Não se pode trocar uma dor por outra, mesmo que seja maior ou mais
urgente, talvez por isso as pessoas achem sofrer tão horrível, os motivos parecem sempre
insuficientes. Não são.

As dorezinhas pequenas que pipocam no meu dia como estalinhos...que coisa boba. Verdade, não
posso trocar por coisa maior. Eu sou bobo também.