11 de novembro de 2014

Antes de tudo houve um vaso de cristal quebrando no chão o silêncio do meio da noite, não sei que dia, que noite. Eu era criança e não tinha medo, mas esse maldito objeto que quebrei... Eu não sabia o que era, não fui ensinado, não me disseram nada sobre o vaso, por isso, por paixão, sem tocá-lo, o quebrei. O vaso estava fora e dentro, longe do meu corpo e emaranhado nas minhas tripas. Ninguém captou o fato de uma coisa, dentro e fora, ambas raríssimas, quebrarem sem dor.
Depois da quebra, houve um soluço. Eu era mais velho e não chorava. Era noite, sempre noite. E como o vaso, a noite era fora e dentro. Eu não conhecia o choro. Num momento eu estava só quebrado, e no momento seguinte, quebrado e molhado de lágrimas. Não foi de todo um choro, ou se foi, foi apenas um início, um espasmo, então deixei escapar um grito de leve. Dentro do meu peito alguma coisa apertou, e então, com alguma coisa muito linda espremida no peito, e por medo e ingenuidade, segui, com o dentro estraçalhado e inchado por essa coisa...

[incompleto]