6 de fevereiro de 2012

  Olhar pra qualquer um deles agindo naturalmente é por si só espetacular. Não formam um país, colônia, casta, conglomerado, subespécie ou partido, nem sequer se reconhecem totalmente no primeiro olhar, mas é como se carregassem consigo uma bandeira invisível que anuncia sua origem em comum. Alguns são assim sem porquê, nunca vão além do prelúdio. E o tempo até certo ponto parece não não seguir em frente, mas para os lados, atravessando inusitado as transversais, fugindo do trânsito. Eles só envelhecem porque o tempo os chuta para a frente, esse desenvolvimento inevitável os entristece, eles querem mesmo é a vida embrionária, e que todo esse show desnecessário nunca passe do prelúdio, e se passar, que caiam como carne crua no chão. Desfalecer. O único de sua espécie, o último, derradeiro, é um novo dia e eles se sentem bem se queimando ao Sol feito répteis. Prelúdio. Pausa para um ou três ou cinco cigarros. Pausa. Paroxetina nos olhos, paroxetina nas paredes, clonazepam, diazepam, bromazepam, lítio, morfina, flutuar. Fim do prelúdio, do dia, do cigarro, da vida da vespa na parede. Embalar-se num sono sem sonhos, se engasgar. Vão em frente feito uma manada de animais raros, os últimos de sua espécie, sem parar nem para respirar ou esfregar a pele uns nos outros. Prelúdio.